Dados divulgados pelo Ministério da Saúde revelam que foram registrados 202,9 mil casos de violência sexual contra crianças e adolescentes em nosso País, entre 2015 a 2021. Diante dessa realidade, o Guia da Criança traz um conteúdo completo para que você entenda os tipos de abuso infantil que existem, como identificar e o que fazer para combater essa violência contra os pequenos. Acompanhe!
O que é abuso infantil?
Abuso infantil consiste em qualquer ato sexual que a vítima é uma criança ou adolescente. Isso envolve várias práticas, desde exibicionismo e voyeurismo, penetração vaginal, anal ou oral. É importante citar que carícias e toques íntimos também fazem parte desta definição.
Infelizmente, esse tema ainda é um tabu em casa, na escola e em outros ambientes, o que bloqueia o aprofundamento do assunto e os motivos pelos quais tais crimes só aumentam.
Logo abaixo, a psicóloga e sexóloga, Eliana Biasoli, explica quais são as consequências do abuso infantil na vida adulta. Dê o play e assista:
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Quais são os tipos de abuso infantil?
Existem diversos tipos de abuso sexual infantil, como: físico, emocional, médico e até negligência, isto é, quando os pais ou responsáveis não oferecem afeto, supervisão, educação, cuidados odontológicos ou médicos.
Abuso físico
A vítima é ferida propositalmente ou colocada em risco de ser ferida por outro indivíduo.
Abuso sexual
Entre as principais formas desse abuso infantil, destacam-se:
- Toque sexual
- Contato oral-genital
- Relação sexual
- Exposição da vítima a atividades sexuais ou pornográficas
- Observar um menor de idade de maneira sexual
- Protituição infantil
Abuso emocional
Nesse tipo de abuso, a vítima tem sua autoestima e bem-estar emocional bastante prejudicados. Aqui, inclui-se agressão verbal e emocional. De maneira geral, as crianças são isoladas, ignoradas ou rejeitadas.
Abuso médico
Trata-se de uma ação quando um indivíduo dá informações falsas sobre uma doença de um menor de idade. Assim, o pequeno é colocado em risco de lesões e cuidados médicos sem necessidade.
Negligência
Já a negligência infantil acontece quando a criança não recebe alimentação, roupa e abrigo necessários para a sua sobrevivência. A falta de afeto, supervisão, educação e cuidados odontológicos ou médicos também entram nessa lista.
Por que as vítimas podem não contar o crime?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), crianças e adolescentes optam pelo silêncio porque, geralmente, elas se julgam culpadas pelo ocorrido. Além disso, o constrangimento e o medo do agressor também potencializa esse comportamento.
Outro motivo, segundo a SBP, é que as vítimas têm bastante dificuldade para falar do assunto. E a chance de manter o segredo é ainda maior quando o transgressor é um tio, primo ou amigo da família.
A SBP ainda explica que, nesses casos, podem ocorrer conflitos, pois as vítimas desejam que o crime pare, entretanto, acabam se preocupando com o bem-estar do agressor após o caso vir à tona. Em paralelo, elas se preocupam com os efeitos dessa revelação, como separação ou brigas no núcleo familiar.
Quais são os sinais de abuso infantil?
De maneira geral, crianças e adolescentes, vítimas de abuso infantil apresentam mudança de humor e agressividade. Ao mesmo tempo, pode ocorrer vergonha em excesso e até pânico. Tristeza, abatimento profundo ou depressão crônica são outros sinais comuns entre as vítimas.
Segundo o Guia Escolar, produzido pelo MEC, existem outros sinais que ajudam a identificar o abuso infantil, como:
Ansiedade generalizada, comportamento tenso, sempre em estado de alerta, e fadiga.
Fraco controle de impulsos, comportamento auto destrutivo ou suicida.
Repetição constante do que outras pessoas verbalizam.
Vergonha excessiva, inclusive de mudar de roupa na frente de outras pessoas.
Ansiedade constante relacionada a temas sexuais
O que fazer em caso de confirmação do abuso?
Num primeiro momento, faça questionamentos para a criança, como: “você está com alguma preocupação?”, “Existe algo que eu possa fazer para te apoiar?”. A revelação, segundo a SBP, pode acontecer por depoimento da própria vítima ou por meio de alguma demonstração, usando o seu próprio brinquedo, por exemplo.
Além disso, procure dar total atenção ao seu filho. Isso é fundamental para o bem-estar do pequeno. Dê liberdade para que ele use as próprias palavras. Ou seja, é preciso que a vítima tenha certeza que contar o fato foi a melhor estratégia.
Qual médico procurar?
O pediatra é o primeiro especialista que os pais devem procurar caso a criança ou adolescente tenha sido vítima de abuso infantil.
Além disso, a rede de apoio às vítimas de exploração sexual envolve:
Conselhos Tutelares
Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas)
Delegacias Especializadas de Proteção à Criança e ao Adolescente
Varas da Infância e Juventude
Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes (PNEVSCA)
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O que não fazer?
Evite o excesso de perguntas, pois isso aumenta a pressão e interfere no comportamento da criança.
Paciência é o primeiro passo para lidar com o abuso infantil – Foto: reprodução/internet
Como combater o abuso infantil?
Ofereça amor e atenção ao seu filho, não responda com raiva, pense na supervisão e ensine a criança a se manter segurança em ambientes online e físico.
Ofereça amor e atenção ao seu filho
O primeiro passo é ouvir e cuidar do seu filho. Isso é determinante para aprimorar a confiança e sua comunicação. Um ambiente familiar de apoio contribui diretamente para melhorar a autoestima e o valor próprio do pequeno.
Não responda com raiva
Se você se sentir sobrecarregado ou fora de controle, faça uma pausa. Não desconte sua raiva em seu filho. Além disso, recomenda-se que você busque ajuda com o seu médico ou terapeuta sobre formas de lidar com o estresse e a interação familiar.
Pense na supervisão
Não deixe uma criança sozinha em casa. Em público, fique de olho no seu filho. Além disso, verifique a possibilidade de ser voluntário na escola. Isso ajuda a conhecer os adultos que convivem com a criança.
Quando tiver idade suficiente para sair sem supervisão, incentive seu filho a ficar longe de estranhos e a sair com os amigos em vez de ficar sozinho. Estabeleça como regra que seu filho lhe diga onde ele está o tempo todo. Descubra quem está supervisionando seu filho – por exemplo, em uma festa do pijama.
Conheça os cuidadores do seu filho
Verifique referências de babás e outros cuidadores. Faça visitas irregulares, mas frequentes e sem aviso prévio para observar o que está acontecendo.
Enfatize quando dizer não
Certifique-se de que seu filho entenda que ele não precisa fazer nada que pareça assustador ou desconfortável. Incentive seu filho a sair imediatamente de uma situação ameaçadora ou assustadora e procure a ajuda de um adulto de confiança.
Se algo acontecer, incentive a criança a contar detalhes para você ou outro adulto de confiança sobre o que aconteceu. Garanta ao seu filho que não há problema em conversar e que ele terá o apoio necessário.
Ensine seu filho a se manter seguro online
Uma dica de ouro é colocar o computador em um cômodo comum da sua casa e não no quarto da criança. Use o controle dos pais para restringir os tipos de sites que seu filho pode visitar.
Ao mesmo tempo, confira as configurações de privacidade da criança em redes sociais. Considere um sinal de alerta se seu filho mantém segredo sobre as atividades online, combinado?
Também é importante definir regras básicos, como:
- Jamais compartilhar informações pessoais
- Evitar responder mensagens inadequadas, ofensivas ou assustadoras
- Orientar a não marcar encontros pessoais
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Conheça as famílias da sua vizinhança, incluindo pais e filhos
Desenvolva uma rede de familiares e amigos de apoio. Se um amigo ou vizinho parecer estar com dificuldades, ofereça-se para ser babá ou ajudar de outra forma.
Como denunciar abuso infantil?
Pais e responsáveis podem ir até uma delegacia especializada em proteção da criança, bem como procurar o conselho tutelar de seu município. Além disso, é possível fazer uma denúncia anônima por meio do número 100.
Arte: Agência Brasil
A SBP orienta que, mesmo que o seu filho não revele o abuso, o ideal é compartilhar suas experiências com estes órgãos ou algum especialista de confiança. Nesse caso, pode ser um pediatra ou educador.