A ansiedade no retorno às aulas é um sentimento comum entre crianças de todas as idades. O fim das férias e a necessidade de voltar à rotina escolar podem gerar preocupação, medo e desconforto nos pequenos. Algumas crianças podem sentir dificuldade em se readaptar aos horários, enquanto outras podem temer novos desafios acadêmicos ou sociais.

A ansiedade pode se manifestar de várias formas, incluindo sintomas físicos como dores de cabeça e de estômago, alterações no apetite e dificuldades para dormir. Além disso, comportamentos como irritabilidade, isolamento e recusa em ir à escola são sinais que pais e professores devem observar com atenção.

Tendo isso em mente, identificar a ansiedade precocemente e adotar medidas adequadas pode fazer toda a diferença na adaptação da criança ao ambiente escolar. Logo abaixo, vamos revelar quais são as principais.

Quais são as principais causas da ansiedade no retorno às aulas?

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O retorno às aulas pode ser um período de grande apreensão para muitas crianças e adolescentes. A transição entre o ambiente descontraído das férias e a rotina escolar pode gerar um misto de sentimentos, desde excitação até estresse e ansiedade. Diversos fatores importantes para essa ansiedade, sendo alguns mais comuns e impactantes do que outros.

1. Mudança na rotina

Durante as férias, a criança tem mais liberdade para brincar, dormir tarde e acordar sem pressa, além de realizar as refeições em horários mais flexíveis. Esse período de descanso contribui para a sensação de bem-estar e relaxamento, mas também pode tornar o retorno à rotina escolar um verdadeiro desafio.

De repente, a criança precisa se adaptar a horários rígidos, acordar cedo, seguir uma programação intensa de estudos e compromissos extracurriculares.

Essa transição brusca pode causar irritabilidade, cansaço e até dificuldades de concentração nos primeiros dias de aula. O corpo e a mente precisam de tempo para se reajustarem a essa nova dinâmica, o que pode gerar ansiedade e resistência ao retorno.

Além disso, algumas crianças podem ter dificuldades para dormir nos dias que antecedem a volta às aulas, devido à preocupação com o que está por vir, prejudicando ainda mais a adaptação ao novo ritmo.

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2. Medo do novo

A ansiedade diante do desconhecido é um fator natural, e no ambiente escolar isso pode se manifestar de diferentes formas. Para muitas crianças, o retorno às aulas significa enfrentar um novo professor, um ambiente diferente, colegas novos ou até mesmo uma escola completamente nova.

Essa incerteza pode gerar insegurança, principalmente em crianças mais tímidas ou que já tiveram experiências negativas no passado, como dificuldades para se enturmar ou problemas de aprendizagem.

O medo de não ser aceito por um novo grupo, de não conseguir acompanhar as matérias ou de não se adaptar ao estilo do professor pode aumentar os níveis de estresse.

Para os alunos que mudaram de escola, há o desafio adicional de aprender novas regras, lidar com um ambiente desconhecido e construir novas amizades, o que pode ser bastante angustiante nos primeiros dias.

3. Pressão acadêmica

A preocupação com o desempenho escolar é uma das principais causas de preocupação entre os alunos, principalmente à medida que cresce e começa a enfrentar provas mais difíceis e maiores cobranças. Algumas crianças se sentem pressionadas a obter boas notas e temem não conseguir acompanhar o ritmo das aulas.

Esse medo pode ser ainda maior em alunos que já enfrentaram dificuldades acadêmicas no passado ou que são naturalmente mais perfeccionistas. Eles podem se preocupar em não responder às expectativas dos pais e professores, o que pode gerar sintomas como insônia, dores de cabeça e irritabilidade.

Além disso, a sobrecarga de tarefas, como atividades extracurriculares e trabalhos escolares, pode intensificar esse sentimento de angústia, especialmente em crianças que não possuem um tempo adequado para lazer e descanso.

4. Desafios sociais

O ambiente escolar é um espaço de interação constante, e nem todas as crianças se sentem confortáveis ​​com essa dinâmica. O medo de não conseguir fazer amigos, ser excluído ou até mesmo sofrer bullying pode ser um fator significativo de ansiedade.

As crianças mais introvertidas podem se preocupar em não encontrar um grupo ao qual pertencem, enquanto aquelas que já tiveram experiências negativas com colegas podem temer que a situação se repita.

A necessidade de se encaixar em um grupo e a preocupação com a acessibilidade social pode ser extremamente estressante, principalmente na adolescência, quando a opinião dos pares se torna ainda mais relevante.

Outro ponto a se destacar é a presença de redes sociais, que pode intensificar esse sentimento, já que muitos jovens acabam comparando suas vidas com a dos colegas, aumentando a pressão por acessibilidade e popularidade.

5. Expectativas dos pais

A cobrança por um bom desempenho acadêmico e comportamento exemplar pode ser um peso emocional para muitas crianças. Alguns pais, mesmo sem perceber, criam expectativas elevadas sobre o desempenho dos filhos na escola, o que pode gerar um grande receio de fracasso ou decepcioná-los.

As crianças que sentem essa pressão podem desenvolver medo de errar, vergonha de pedir ajuda quando encontram dificuldades e até mesmo resistência ao aprendizado por medo de frustração. Em casos mais extremos, a ansiedade pode levar a sintomas físicos, como dores de cabeça e problemas gastrointestinais, além de afetar a autoestima da criança.

É essencial que os pais ofereçam apoio e incentivo, sem criar um ambiente de cobrança excessiva, permitindo que os filhos aprendam no seu próprio ritmo e se sintam seguros para enfrentar desafios.

6. Mudanças na vida pessoal

Fatores externos também podem impactar a ansiedade no retorno às aulas. Mudanças significativas na vida pessoal, como uma mudança de cidade, separação de pais, dificuldades financeiras ou até o nascimento de um irmão, podem gerar insegurança e instabilidade emocional.

Para algumas crianças, essas mudanças tornam o ambiente escolar ainda mais desafiador, pois elas já estão lidando com muitas emoções ao mesmo tempo. A escola pode deixar de ser vista como um espaço seguro e passar a ser um local que reforce sentimentos de medo e angústia.

Crianças que enfrentam essas situações podem apresentar sinais de ansiedade, como dores de barriga antes de ir para a escola, resistência em se despedir dos pais e até recusa em frequentar as aulas.

Como identificar se a criança está ansiosa com a volta às aulas?

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A ansiedade no retorno às aulas pode se manifestar de diversas formas, e nem sempre é fácil para os pais perceberem os sinais. Muitas crianças não expressam verbalmente suas preocupações, mas seu corpo e comportamento revelam promessas de que algo não está bem.

1. Mudanças no sono

O sono é um dos primeiros aspectos a serem afetados pela ansiedade. As crianças que estão preocupadas com a volta às aulas podem apresentar dificuldades para adormecer, ficar agitadas na cama, demorar mais para pegar no sono ou pedir para dormir com os pais. 

Algumas crianças acordam várias vezes durante a noite sem motivo aparente e apresentam pesadelos frequentes, que podem ser reflexo da preocupação com a escola. Outras reagem ao sono mais do que a ansiedade normal ou fadiga mesmo após uma noite de descanso. 

Alterações no sono podem prejudicar a concentração, o humor e a disposição da criança, tornando o retorno às aulas ainda mais desafiador.

2. Queixas físicas

Diferente dos adultos, as crianças nem sempre conseguem verbalizar sua ansiedade. Em muitos casos, o desconforto emocional se manifesta através do corpo. 

Um dos sinais mais comuns é dor de barriga, especialmente antes de ir para a escola. Algumas crianças também apresentam náuseas, falta de apetite ou queixam-se de prazer sem motivo aparente. Dores de cabeça frequentes, tensão muscular nos ombros e pescoço e até episódios de taquicardia ou falta de ar podem estar associados ao estresse com o retorno escolar. 

Se esses sintomas surgirem de forma recorrente e não apresentarem explicação médica, podem estar relacionados ao medo ou preocupação com a volta às aulas.

3. Alterações de humor

A ansiedade pode afetar o comportamento da criança, resultando em mudanças de humor repentinas e desproporcionais. Muitas ficam mais irritadas, reclamam com frequência e demonstram frustração com facilidade. Outros apresentam tristeza, choram com mais frequência, demonstram isolamento e perdem o interesse em atividades que antes gostavam. 

Pequenos acontecimentos podem desencadear grandes reações, como raiva intensa ou crises de choro. Algumas crianças também ficam mais sensíveis, reagindo de forma exagerada a críticas ou comentários que normalmente não as incomodariam. Essas mudanças são confundidas com birra ou malcriação, mas podem ocorrer junto com outros sinais de ansiedade, merecendo atenção especial.

4. Regressão no comportamento

Outro sinal importante de ansiedade é o retorno de comportamentos que a criança já havia superado. Isso acontece porque, diante de uma situação que gera insegurança, a criança busca conforto em hábitos antigos.

Alguns voltam a chupar o dedo, mesmo já tendo abandonado esse hábito. Outros podem apresentar episódios de xixi na cama, especialmente nas noites que antecedem o retorno às aulas. 

Também é comum que peçam para dormir com os pais novamente, mesmo que já tenham o hábito de dormir sozinhos.

Muitas demonstram um apego excessivo, tornando-se mais grudadas nos pais e demonstrando insegurança ao ficarem sozinhas. Essas regressões são formas de a criança lidar com a ansiedade e não devem ser repreendidas, mas sim acolhidas com paciência e compreensão.

5. Evitação

Quando uma criança está ansiosa com a volta às aulas, ela pode evitar qualquer coisa relacionada ao tema.

A criança pode evitar falar sobre a escola, muda de assunto ou ficar desconfortável ​​quando o tema é mencionado. Também é normal que ela demonstre resistência ao preparar o material escolar, arrumar a mochila ou experimentar o uniforme, o que pode indicar que ainda não aceitaram a ideia de devolução. 

Se antes a criança foi planejada para reencontrar os amigos e agora demonstrar desinteresse, isso pode ser um sinal de ansiedade social.

Algumas expressaram um medo intenso, dizendo frases como “Não quero ir para a escola”, “Vai ser horrível” ou até mesmo chorando ao mencionar o retorno. 

Essa evitação pode ser um indicativo de que a criança está lidando com preocupações internas que precisam ser concentradas e trabalhadas com paciência.

Ansiedade no retorno às aulas: estratégias para ajudar as crianças

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1. Estabeleça uma rotina antecipadamente

A transição entre as férias e o período letivo pode ser desafiadora para as crianças, especialmente se seus horários estiverem desregulados. Ajustar gradualmente o horário de sono, refeições e estudos pelo menos uma ou duas semanas antes do início das aulas ajuda a criar previsibilidade e reduzir o estresse. 

As crianças que dormem bem têm horários organizados e se sentem mais seguras e emocionalmente equilibradas.

Para facilitar essa adaptação, crie um cronograma visual e envolva a criança nas decisões, tornando o processo mais leve e participativo.

2. Converse sobre a escola

O medo do desconhecido é um dos principais gatilhos da ansiedade infantil. Permitir que uma criança fale abertamente sobre suas preocupações e expectativas em relação ao novo ano letivo pode ajudá-la a processar suas emoções. 

Ao validar seus sentimentos com frases como “Eu entendo que você está nervoso, é normal sentir isso”, os pais demonstram empatia e acolhimento. Além disso, compartilhar histórias pessoais ou ler livros infantis sobre volta às aulas pode tornar o assunto mais familiar e acessível.

3. Visite a escola antes do início das aulas

Conhecer antecipadamente o ambiente escolar pode reduzir significativamente a ansiedade. Se a escola permitir, leve a criança a visitar a sala de aula, o pátio, a biblioteca e outros espaços que farão parte de sua rotina. 

Se possível, apresenta-se ao professor e funcionários para que ela se sinta mais confortável e reconheça rostos familiares no primeiro dia de aula. Caso a visita presencial não seja possível, explore fotos da escola ou vídeos institucionais para ajudar a criança a se ambientar.

4. Incentive a interação social

Ter amigos na escola pode tornar o retorno mais tranquilo e divertido. Incentive a criança a retomar o contato com os colegas antes das aulas começarem.

Marcar encontros, chamadas de vídeo ou até mesmo trocar mensagens pode fortalecer laços e diminuir o receio de voltar ao convívio social. Para crianças mais tímidas, conversar sobre estratégias para iniciar conversas e se enturmar pode ser um apoio valioso.

5. Demonstre segurança e positividade

As crianças percebem e absorvem as emoções dos adultos ao seu redor. Se os pais estão ansiosos, preocupados ou demonstrando insegurança, a criança pode interpretar isso como um sinal de que há algo a temer.

Em vez disso, mantenha um tom positivo ao falar sobre a escola, destacando os aspectos divertidos, como reencontrar amigos, aprender coisas novas e participar de atividades especiais. Se houver alguma preocupação real, converse com os responsáveis ​​pela escola sem que a criança perceba.

6. Introduza atividades relaxantes

Práticas de relaxamento podem controlar os sintomas físicos da ansiedade, como tensão muscular e ajudar a respiração acelerada. Ensinar a criança a respirar fundo e lentamente, praticar ioga infantil, colorir ou ouvir músicas suaves pode ser uma excelente forma de acalmá-la. 

Criar um momento de relaxamento antes de dormir, como uma leitura tranquila ou um banho matinal, também pode ajudar a diminuir o estresse noturno.

7. Crie um ritual de despedida

A separação dos pais pode ser um momento delicado, especialmente nos primeiros dias de aula. Criar um ritual especial de despedida como um abraço apertado, um toque especial de mãos ou uma frase reconfortante pode trazer segurança à criança. 

O mais importante é manter a despedida curta e confiante, evitando prolongar o momento, pois isso pode aumentar a ansiedade. Além disso, lembre-se a criança de que os pais voltarão para buscá-la ajuda a fortalecer a sensação de segurança.

A ansiedade no retorno às aulas é comum, mas pode ser minimizada com estratégias adequadas. Pais, professores e a própria criança podem trabalhar juntos para tornar esse momento mais tranquilo.

O suporte emocional, a criação de uma rotina bem estruturada e a atenção às necessidades individuais são essenciais para um retorno escolar mais leve e positivo.

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Escrito por

Matheus Azevedo

Matheus Azevedo é jornalista e escreve para sites como Guia do Gestor e Garagem360. Busca informações de qualidade para que o leitor tenha acesso aos melhores conteúdos sobre o desenvolvimento infantil.

Moro em São Paulo há mais de três anos, apaixonado pelo estado e procuro pelas melhores atrações para você curtir com o seu filho.