Nada como o colorido das bandeirinhas, o cheiro de milho no fogão e o som da sanfona para transformar a escola em um verdadeiro arraial. 

Neste artigo, vamos conversar sobre tudo o que você precisa saber para planejar, executar e aproveitar atividades de Festa Junina com a turma da educação infantil, da preparação do ambiente até a avaliação pedagógica, passando por músicas, culinária, brincadeiras e propostas integradas de aprendizagem. 

Afinal, não se trata apenas de celebrar a cultura popular, mas de convertê-la em uma poderosa ferramenta de desenvolvimento motor, cognitivo e socioemocional.

Por que trabalhar Festa Junina na educação infantil?

A primeira pergunta que aparece quando começamos a desenhar o calendário pedagógico é: vale a pena investir tempo e energia em uma festa temática? A resposta é um grande e sonoro “sim!”. 

A Festa Junina, que em algumas regiões se estende como Festa de São João, São Pedro ou simplesmente “arraiá”, é um dos patrimônios mais vibrantes da cultura brasileira. Para além das bandeirinhas e da quadrilha, ela abriga elementos riquíssimos de história, geografia, literatura oral, matemática prática e, claro, muita afetividade.

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Ao transformar o arraial em atividade didática, você:

  • Integra áreas do conhecimento — arte, linguagem, matemática, ciências e movimento entram em campo ao mesmo tempo.
  • Estimula o senso de pertencimento cultural — crianças entendem de onde vêm tradições familiares que talvez já vivam em casa.
  • Trabalha habilidades socioemocionais — cooperação, paciência, respeito às diferenças e autoestima surgem naturalmente em cada ensaio de quadrilha ou brincadeira de pescaria.
  • Potencializa a aprendizagem significativa — tudo tem cheiro, cor, música e sabor; o conhecimento se materializa nos cinco sentidos.

Ao longo deste artigo vamos conversar como costurar esses conceitos em propostas concretas, sem perder o clima de festa.

Planejamento: antes de pendurar a primeira bandeirinha

Antes de colocar a mão na massa e encher o ambiente de bandeirinhas coloridas, é fundamental pensar em cada detalhe com antecedência. O planejamento é o segredo para que a festa junina na educação infantil seja divertida, segura e rica em aprendizados. 

Definição de objetivos pedagógicos

Não comece pelo chapéu de palha, comece pelo caderno de planejamento. Liste habilidades da BNCC que serão contempladas, coordenação motora ampla , percepção sonora, noções de quantidade, etc.

Cronograma realista

Organize quatro blocos principais: preparação do ambiente, produção de materiais, ensaios/brincadeiras de teste e grande dia do arraial. Distribua as tarefas em piques curtos de 20 a 30 min. ao longo de duas ou três semanas, crianças pequenas cansam rápido.

Envolvimento da comunidade

Pais, avós e colaboradores podem entrar com receitas de família, retalhos de tecido, contação de histórias e até depoimentos sobre festas de interior. Isso fortalece o vínculo escola-família.

Preparação do ambiente

A magia da festa junina começa pelos olhos! A preparação do ambiente é essencial para criar uma atmosfera acolhedora, alegre e cheia de cor. Veja abaixo como transformar a sala de aula, o pátio ou qualquer outro espaço em um verdadeiro arraial, utilizando elementos típicos, materiais acessíveis e muita criatividade.

Decoração consciente

  • Bandeirinhas ecológicas: recorte revistas velhas ou restos de cartolina; proponha uma oficina de colagem que já pratica motricidade fina.
  • Painel de milho em 3D: rolinhos de papel-crepom colados um a um simulam grãos, ótimo treino de pinça.
  • Cantinho da fogueira: use papel celofane vermelho, laranja e amarelo sobre lâmpadas LED frias para efeito dramático sem riscos de queimadura.

Organização dos espaços

Crie “estações” (pescaria, correio elegante, boca do palhaço) em formato de circuito, evitando filas longas. Assim, a turma circula e alterna estímulos motores, cognitivos e emocionais.

Atividades de festa junina para educação infantil: confira as melhores

A seguir, vamos te mostrar ideias práticas, lúdicas e educativas que podem ser realizadas com os pequenos antes, durante e até depois da festa. Tem brincadeira, arte, música e até um pouquinho de culinária!

Oficina de estandartes 

Entregue pedaços de tecido cru, tintas de tecido e pincéis grossos. Convide cada criança a pintar símbolos juninos: a fogueira, o milho, a sanfona. Pendure os estandartes no corredor,  a exposição eleva a autoestima da turma.

Pintura da fogueira com garfinho 

Foto: littleladoo

Uma atividade simples, divertida e cheia de cores! Nessa proposta, as crianças vão usar um garfinho de plástico como carimbo para criar as chamas de uma fogueira junina. Basta imprimir um desenho com as madeiras da fogueira e disponibilizar potinhos com tinta nas cores laranja e amarela. A criança mergulha o garfo na tinta e pressiona sobre o papel, formando as labaredas de maneira criativa. Uma ótima forma de explorar texturas, coordenação motora e o espírito da festa!

Gravuras de cordel com carimbo de batata 

Corte batatas ao meio, esculpindo formas simples (coração, chapéu, fogueira). Mergulhe na tinta e pressione no papel craft. Depois, prenda barbante para imitar livrinhos de cordel.

Correio elegante reinventado 

Em vez das tradicionais cantadas, cada criança escreve (ou dita) um bilhete de incentivo a um colega: “Eu gosto quando você divide o brinquedo comigo”. Trabalha produção de texto, empatia e leitura simbólica.

Carimbo de bandeirinhas com esponja 

Foto: Jessiane Carla

Uma maneira criativa e encantadora de criar bandeirinhas juninas com os pequenos! Nessa atividade, esponjas de lavar louça são cortadas no formato tradicional das bandeirinhas e coladas em palitos de picolé para virar carimbos. Com potinhos de tinta colorida à disposição, as crianças podem mergulhar os carimbos e estampar folhas de papel, criando painéis decorativos ou composições livres. Uma proposta divertida que desenvolve a coordenação motora, a percepção de formas e cores e o vínculo com os símbolos da festa junina!

Livro coletivo “Nosso Arraial” 

Monte um caderno A3 horizontal; cada página traz uma foto da preparação e uma legenda criada pela turma. No fim, vira memória afetiva — e prova de aprendizagem para reunião de pais.

Instrumentos recicláveis 

  • Ganzá de lata de alumínio e grãos de milho.
  • Zabumba de balde plástico coberto com bexiga esticada.
  • Triângulo de arame grosso.

A turma constrói, decora e depois toca, percebendo timbres diferentes.

Boca do palhaço colaborativa 

Em vez de competição, cada arremesso bem-sucedido adiciona um palito no “fogueirão” (estruturas de rolo de papelão). Quando completarem a fogueira, cantamos juntos “Capelinha de Melão”.

Avaliação: registrando aprendizagens

Depois de tanta preparação e alegria, é hora de refletir sobre o que foi aprendido com a festa junina. A avaliação nesse contexto não precisa ser formal ou complicada, ela pode (e deve!) ser leve, significativa e integrada ao cotidiano da educação infantil. 

Veja abaixo formas simples e eficazes de observar, registrar e valorizar os avanços das crianças durante o processo, desde a participação nas atividades até o desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas.

Portfólio junino

Fotos, registros escritos, desenhos e bilhetes do correio elegante compõem um dossiê que mostra evolução da turma em diferentes campos do saber.

Roda de autoavaliação 

Após o arraial, reúna a turma em círculo. Cada criança compartilha o que mais gostou, o que foi difícil, o que faria diferente. Valoriza protagonismo.

Feedback 360º

Colegas, famílias e equipe escolar ganham formulário simples (três perguntas) sobre organização, inclusão e diversão. Isso fortalece a cultura de melhoria contínua.

Planejar uma atividade de Festa Junina para educação infantil é mais do que pendurar bandeirinha e tocar “Olha a cobra!”. É um projeto pedagógico completo que alia cultura popular e desenvolvimento integral da criança. 

Quando cada ensaio de quadrilha vira aula de matemática rítmica, cada cheirinho de pipoca se transforma em laboratório sensorial e cada risada compartilhada reforça laços, sabemos que a experiência ultrapassou a esfera do entretenimento e fincou raízes profundas na aprendizagem significativa.

Ao fechar este guia, minha dica é: leve o que fizer sentido para sua realidade, adapte sem medo e, acima de tudo, aproveite. Porque, no fim, a maior lição que a roça ensina é que aprender é bom demais, sô, ainda mais quando tem pamonha quentinha esperando na saída. Viva São João, viva a educação infantil e viva essa jornada de descoberta que construímos juntos!

Vanessa Pereira

Escrito por

Vanessa Pereira

Sou especialista em produção de conteúdo, com mais de quatro anos de experiência no mercado. Produzo artigos de alta qualidade e credibilidade, sempre priorizando fontes e instituições confiáveis sobre o tema. Além disso, participo de cursos, workshops e conferências sobre a área, como uma maneira de me manter em constante aprendizado.